CIE e UNE lutam para manter carteira de meia
Fonte: A Tribuna
Nos próximos dias, uma nova polêmica deve monopolizar as atenções na Câmara. Um projeto de lei de autoria da vereadora Sandra Arantes do Nascimento (sem partido) estende o desconto de 50% na entrada de eventos culturais e esportivos a todos os estudantes. Na prática, se o projeto for aprovado, cai por terra a obrigatoriedade de apresentação da Carteira de Identificação Estudantil (CIE) emitida pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).
No projeto, Sandra argumenta que o valor cobrado pelas entidades estudantis para confecção da CIE é elevado, o que acabaria pesando no orçamento de uma família com muitos filhos. Na avaliação da parlamentar, esse custo elevado para confecção acabaria impedindo o acesso de todos à meia entrada.
Para democratizar o desconto Sandra sugere que o estudante apresente na entrada do evento cultural ou esportivo apenas a carteira escolar ou uma declaração de escolaridade expedidas pela unidade de ensino que frequenta.
Junto com os documentos escolares o estudante deve apresentar qualquer documento de identidade com foto emitido por órgãos públicos. O projeto de Sandra é semelhante ao que está em vigor na cidade de Guarulhos há cerca de um ano.
Em documento remetido aos 21 vereadores santistas, o Centro dos Estudantes de Santos (CES) argumenta que a Carteira Mundial da UBES custa R$ 13,00, a Carteira Nacional da UNE R$ 15,00, e a Carteira Mundial da UNE R$ 20,00, preços que seriam praticados em todo o Estado.
Questão de sobrevivência — Durante a sessão da última quinta-feira, representantes das duas entidades federais e do CES lotaram a parte superior das galerias da Câmara para se manifestar contra o projeto.
O material entregue aos parlamentares inclui uma fita de vídeo, a revista da UNE e depoimentos de artistas em apoio à meia-entrada. Na avaliação do presidente do CES, Daniel Gomes, tornar desnecessária a CIE para obtenção da meia entrada ‘‘representaria um golpe na sobrevivência financeira e política das entidades’’.
Gomes também enxerga na iniciativa de Sandra o risco de término do desconto concedido aos estudantes, num efeito semelhante ao verificado no período em que a ditadura militar acabou com a UNE.
Diante do fato de que não havia quem controlasse a emissão das carteiras o Governo Federal resolveu extinguir o desconto nos cinemas em 1983. ‘‘O projeto foi colocado de forma equivocada e não foi discutido com as entidades estudantis’’, pondera o presidente do CES.
Questão delicada — Ligado ao setor educacional, o vereador Fábio Nunes (PSB) entende que ‘‘a questão é delicada’’ e que seria interessante ‘‘criar um fórum de debates’’ com a participação de estudantes e empresários do setor de entretenimento.
‘‘No meu entender, o dinheiro das carteirinhas deveria ficar aqui com o CES e não ser enviado para a UNE, que fica lá no Rio de Janeiro’’, argumenta Fabião. ‘‘A UNE quer criar integração mas não presta contas para a sociedade do dinheiro que recebe’’, conclui.