Advogado diz que prática é anterior à Internet
Fonte: A Tribuna
Dave Lima Prado, diretor-tesoureiro e advogado do Centro dos Estudantes de Santos (CES), diz que a prática de vender trabalhos prontos sempre existiu, mesmo quando não havia Internet, e que isso acontece dentro das próprias instituições, através do boca-a-boca dos alunos.
Ainda assim, Dave acredita que uma pequena minoria de estudantes recorra a esse serviço, justamente pela dificuldade que é levar a fraude até o final. ‘‘Não é só a parte escrita. Ele (o estudante) tem que enfrentar a banca, que pode perguntar coisas que não estão no texto. E aí?’’, questiona o advogado.
Dave Lima recomenda aos universitários que, por menos tempo que tenham para estudar, jamais recorram a esse artifício. ‘‘A nota até pode sair, mas em algum momento da vida ele vai precisar daquele conhecimento’’.
Arguição — Existem várias formas de pegar quem compra uma tese e não é de fato o autor dela, na opinião da pró-reitora acadêmica da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Zuleika Senger Gonçalves.
A primeira forma parte do próprio professor-orientador. Zuleika diz que cada vez mais as universidades estão canalizando as pesquisas para temas específicos, fechando o leque dentro de determinada área. ‘‘Quem vai vender a pesquisa precisa ser muito polivalente para dar conta do recado’’, aposta a pró-reitora.
Além disso, depois do trabalho escrito vem a apresentação oral, chamada arguição. É o momento em que os professores da banca podem questionar o estudante sobre qualquer coisa relacionada ao trabalho. ‘‘Ele não precisa se limitar ao que está escrito. Pode pedir relações entre a bibliografia escolhida, por exemplo. Dificilmente escapará nessa hora’’.
Zuleika admite que o problema é antigo, mesmo antes da Internet, mas não tem conhecimento de algum caso dentro da Unisanta. Ela acredita que a tarefa maior é dos professores-orientadores. ‘‘O bom professor sabe estimular o aluno, mostrar a importância da iniciação científica, o prazer pela leitura, pela pesquisa’’.