Novidades no Fies recebem críticas
Atendimento prioritário para os pedidos das regiões Norte e Nordeste do Brasil é questionado por estudantes da Baixada Santista
O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, anunciou que haverá mais vagas para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no próximo semestre. Entre as novidades, serão privilegiados pedidos feitos no Norte e Nordeste do País, assim como algumas áreas de formação. A notícia desagradou estudantes e especialistas da região.
“Apesar da abertura de vagas, no geral, foi um anúncio ruim”, avaliou Dave Lima Prada,advogado especialista em
Direito Educacional. “Priorizar áreas em detrimento de outras, tudo bem. Há necessidade da formação na área médica, por exemplo. Mas, privilegiar regiões não se justifica. A não ser que algum estudo mostre que em determinadas regiões do País se necessita de mais profissionais”.
O anúncio feito pelo ministro não detalha sobre como funcionarão essas prioridades. Via Facebook do Ministério
da Educação (MEC), foi publicada nota oficial com o comunicado de Ribeiro, que só fazia ma ressalva. “Estabelecer
prioridades não significa excluir outros cursos! As prioridades partem do reconhecimento de nossas necessidades mais prementes. Priorizaremos, também, a qualidade. Os cursos com notas 4 e 5 terão prioridade sobre os cursos de nota 3”.
Contratos
O Fies foi reformulado neste ano, depois de a quantidade de novos contratos aumentar quase dez vezes desde 2010. Para não extrapolar os gastos, o MEC limitou o prazo de pedidos de novos contratos e exigiu nota mínima no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Porém, muitos estudantes ficaram de fora por instabilidades no sistema. Depois, foi confirmada a falta de verba para custear todos os novos interessados. Para este ano, o orçamento seria de R$ 2,5 bilhões, mas a quantia já será usada para os 252.442 novos contratos. Havia a dúvida se no próximo semestre novas vagas seriam abertas. Segundo o MEC, 178 mil pessoas tentaram se beneficiar do programa,
neste ano, e não conseguiram – fora as que já tinham o benefício e não tiveram aditamento de contrato. Só na Baixada Santista, no ano passado, 4.759 eram atendidos pelo programa.
CRÍTICAS
Nem o MEC, questionado pela Reportagem, soube detalhar as mudanças. E na própria rede social, muitos internautas criticaram a previsão de abertura de novas vagas, mesmo após tantos problemas enfrentados
por pessoas que não conseguiram se inscrever este ano. É o caso da estudante e auxiliar administrativa Vanessa
Maria Farias Gama, de 23 anos. Moradora de Praia Grande, ela trabalha em Cubatão, está no segundo ano de Nutrição e usa todo o salário para pagar a faculdade. Mesmo assim, não sobra nem para o transporte até o local da aula. “É complicado. Esse ano, tentei, tentei novamente quando prorrogaram a inscrição, e não consegui. Sei que o Nordeste e Norte precisam mais, por causa da situação econômica, mas não é todo mundo que mora em São Paulo que tem condições de pagar uma faculdade. Tinha de ser igual para todos”.
Cindy Garcia Fernandes, de 18 anos, estudante também de Nutrição, não conseguiu se inscrever no site. “É bem difícil. Meus pais são separados e se unem para pagar (a faculdade). Tinha de ser direito igual para todo mundo”.
Juan Souza, de 19 anos, entrou no curso de Engenharia Eletrônica, que custa cerca de R$ 1.300,00, na esperança de conseguir o financiamento. “E o site apontava que não tinha mais vaga, mas estava na data e eu já estava tendo aulas. Muitos amigos sofreram a mesma coisa e uns até desistiram do curso”, conta ele.
O que muda
- Novos contratos de financiamento serão possíveis no segundo semestre
- Por necessidade de mão de obra, serão priorizadas vagas para a formação de professores, engenheiros e profissionais de saúde
- As regiões Norte e Nordeste serão também priorizadas
- Cursos com notas 4 e 5 terão prioridade sobre os cursos de nota 3
Fonte: Jornal A Tribuna
http://atribuna.digitalpages.com.br/html/reader/48/49016